Vittor Filho e Myrella Peixoto, jovens atletas campistas, falam sobre o boom do esporte
POR JOÃO MARCOS (ESTAGIÁRIO)Criado na França, na década de 80, o kitesurf vem conquistando um grande número de adeptos ao longo das últimas décadas. Pronto para estrear como modalidade olímpica em 2024, nos jogos de Paris, o esporte aquático é impulsionado, no Brasil, por condições geográficas propícias à prática. Na região Norte Fluminense, se destacam os municípios de São João da Barra e São Francisco de Itabapoana, que compreendem praias como Atafona, Grussaí e Gargaú, cujos ventos constantes as tornam muito procuradas pelos atletas. Além disso, a formação de uma nova geração de jovens campeões, alguns deles de pouca idade, amplia o interesse e a procura.
No kitesurf, os praticantes usam uma pipa, chamada de kite, e uma prancha para deslizar sobre as águas com a força do vento. Os atletas campistas Vittor Filho, o Vittinho, de 14 anos, e Myrella Peixoto, de 13, já colecionam títulos na modalidade e falam sobre o boom do esporte em São João da Barra e São Francisco.
“O potencial da nossa região é gigantesco e poucas pessoas se deram conta disso. Aqui é perfeito para prática do kitesurf e, principalmente, para o aprendizado. A posição do vento em relação às nossas lagoas torna mais seguro e rápido o aprendizado de quem está iniciando no esporte. Seguramente é o melhor lugar para aprender kitesurf em toda Região Sudeste e assemelha-se à meca do kitesurf mundial, que é o Ceará”, explica Vittinho.
Myrella explica que, além da posição, a constância dos ventos também torna a região atrativa. “As praias e lagoas da nossa região são excelentes para o kitesurf, pois há vento na maior parte do ano e a intensidade do vento colabora para a prática de qualquer modalidade de esporte a vela”, diz a atleta de 13 anos.
Presidente da Associação de Kitesurf do Norte Fluminense (AKNF), Tiago Rangel afirma, ainda, que a região oferece diferentes possibilidades para os praticantes do esporte, contemplando os mais diversos graus de habilidade. “Há rio, mar e lagoa para velejar. São três diferentes cenários, que admitem todos os níveis de velejadores, com paisagens paradisíacas e ventos constantes, na direção adequada”, descreve.
Esporte que cresce
Vittor Filho e Myrella Peixoto simbolizam a alta do esporte na região. Os dois jovens, que disputam torneios regionais e nacionais, vêm acumulando vitórias, apesar da pouca idade. Em comum, eles têm na influência familiar o pontapé inicial no kitesurf e uma grande conquista nacional.
Vittinho começou no kitesurf com oito anos de idade, por influência do pai e do tio. Desde então, vem acumulando títulos, entre eles no Campeonato Brasileiro, na categoria sub-19. O garoto afirma ser “apaixonado pelo esporte” e diz que tem como meta principal disputar as Olímpiadas.
Já Myrella começou aos 12 anos e também foi inspirada pelo pai a praticar o esporte. Ela conta que ele foi quem “praticante a ensinou”. A atleta já participou de diversas competições, e ganhou o Campeonato Brasileiro feminino de kitesurf. Ela pontua que o esporte também ajuda no seu dia a dia, trazendo “equilíbrio e disciplina”.
Segundo a AKNF, hoje existem mais de 200 atletas associados e 400 praticantes do esporte na região. As praias de Guaxindiba, Santa Clara, Gargaú, Atafona, Grussaí e a lagoa de Iquipari têm escolas de kitesurf com instrutores certificados e materiais disponíveis para a prática da atividade.
Custos podem ser altos, mas associação sinaliza alternativas
Embora o número de praticantes de kitesurf venha crescendo, o esporte ainda é considerado caro. Entre os principais custos envolvidos estão a compra de equipamentos e o financiamento da participação em eventos esportivos, para aqueles atletas que investem em competições.
Levantamentos de sites especializados em kitesurf apontam que o conjunto completo de equipamentos — composto por trapézio, kite, barra, prancha e colete — custa, em média, R$ 21 mil. Rangel, no entanto, afirma que há alternativas mais acessíveis para quem pretende começar no esporte. “Dá para baratear. Existem equipamentos que são produzidos no Brasil. Tudo depende do que a pessoa procura”, afirma.
Para as competições, no entanto, a falta de patrocínio e incentivos financeiros para atletas ainda pode ser uma barreira. “Infelizmente, o esporte tem um custo muito alto. Meu pai tem se desdobrado para que eu possa ir a algumas competições, mas, sem ajuda de custo, fica extremamente difícil. A maioria das competições é em outros estados e o custo fica alto para me deslocar”, explica Myrella Peixoto.
Para Vittinho, investimentos públicos e privados no esporte podem estimular não só as carreiras de atletas, mas também trazer benefícios econômicos para a região. “O kitesurf é um esporte que tem grande potencial econômico, deixa um rastro de desenvolvimento onde passa. Pequenas comunidades e vilas de pescadores por todo o litoral do Ceará foram totalmente modificadas por conta do turismo para prática do Kitesurf, que hoje movimenta a economia do estado. Temos condições de fazer isso aqui em nossa região”, opina.
Rangel afirma que a AKNF trabalha atualmente para garantir melhores condições a quem pratica o esporte em todas as faixas da sociedade. “Estamos em tratativas com o Poder Público visando divulgar e expandir o apoio no esporte que mais cresce na nossa região que representa excelentes condições de prática anualmente. Temos vários planos, dentre eles mostrar ao país nossa vocação regional , trazer um campeonato nacional com atletas nacionais e internacionais, demarcar regiões para pousos e decolagens dos kites e realizar projeto social para os mais carentes para inserir no esporte. Inclusive estamos programando a vinda do atleta de kite adaptado, Fernando Fernandes, para simbolizar o início de um projeto inclusivo”, finaliza.
Fonte: J3News
Nenhum comentário:
Postar um comentário