Economista faz as contas e a população também calcula o que deixou de comprar e vender nestes dias de paralisação dos caminhoneiros
Independentemente da justificativa das reivindicações dos caminhoneiros, que fizeram o Brasil emperrar com a paralisação promovida pela categoria, diversos setores da economia amargaram prejuízos e desperdícios de mercadorias. Sem combustível nos postos, deixaram de circular cargas de alimentos, remédios, produtos e serviços oferecidos e transportados em caminhões ou veículos menores. Em Campos, estima-se que deixaram de circular R$20 milhões diários, em negócios e serviços. O economista Ranulfo Vidigal fez a projeção preliminar dos prejuízos financeiro e emocional que afetaram muitas pessoas nestes últimos dias.
Baseado em dados do IBGE e do valor adicionado fiscal do governo estadual, Vidigal aponta que o município de Campos dos Goytacazes movimenta R$12 bilhões por ano em todas as suas atividades econômicas. Entre os 92 municípios fluminenses, Campos se destaca entre os mais ricos, mesmo diante da última crise financeira. Mensalmente, a cidade gera cerca de R$1 bilhão. “São cerca de R$350 milhões só em salários formais, aposentadorias mensais. Basta dizer que só a folha de pagamento da prefeitura é de R$80 milhões. Já o restante, cerca de R$650 milhões, provêm da informalidade, do lucro excedente operacional de empresas, indústrias e comércio, renda pessoal como aluguéis, tributos e compensações como os royalties do petróleo”, avalia.
Para o economista Ranulfo Vidigal, a paralisação dos caminhoneiros impactou principalmente os setores de serviços e agrícola de muitas cidades, incluindo Campos. “Fundamentalmente, o setor de serviços perdeu bastante. O comércio perdeu, mas bem menos porque mantém no estoque o que não vendeu. Já restaurantes, cinemas, shoppings, setor de turismo, hotéis, transporte de passageiros, entretenimento, atendimentos domiciliares, oficinas mecânicas, colheitas e distribuição de alimentos foram bastante afetados. A indústria também foi, só que menos do que outras áreas. Se a greve fez o Brasil perder a metade do faturamento, arrisco dizer que o setor de serviços de Campos deixou de movimentar cerca de R$20 milhões por dia”.
Em um período em que a geração de empregos ainda não decolou em Campos desde a última crise econômica, a paralisação de serviços acaba provocando mais prejuízos. “Campos acaba sacrificando ainda mais a questão do emprego. Estamos vivendo um período chamado síndrome do desalento, pois as pessoas procuram trabalho, mas não encontram. A interrupção da cadeia produtiva como a que vivemos nas últimas semanas prejudica uma economia já combalida”, considera.
Abastecimento nas casas
Baseado em dados do IBGE e do valor adicionado fiscal do governo estadual, Vidigal aponta que o município de Campos dos Goytacazes movimenta R$12 bilhões por ano em todas as suas atividades econômicas. Entre os 92 municípios fluminenses, Campos se destaca entre os mais ricos, mesmo diante da última crise financeira. Mensalmente, a cidade gera cerca de R$1 bilhão. “São cerca de R$350 milhões só em salários formais, aposentadorias mensais. Basta dizer que só a folha de pagamento da prefeitura é de R$80 milhões. Já o restante, cerca de R$650 milhões, provêm da informalidade, do lucro excedente operacional de empresas, indústrias e comércio, renda pessoal como aluguéis, tributos e compensações como os royalties do petróleo”, avalia.
Para o economista Ranulfo Vidigal, a paralisação dos caminhoneiros impactou principalmente os setores de serviços e agrícola de muitas cidades, incluindo Campos. “Fundamentalmente, o setor de serviços perdeu bastante. O comércio perdeu, mas bem menos porque mantém no estoque o que não vendeu. Já restaurantes, cinemas, shoppings, setor de turismo, hotéis, transporte de passageiros, entretenimento, atendimentos domiciliares, oficinas mecânicas, colheitas e distribuição de alimentos foram bastante afetados. A indústria também foi, só que menos do que outras áreas. Se a greve fez o Brasil perder a metade do faturamento, arrisco dizer que o setor de serviços de Campos deixou de movimentar cerca de R$20 milhões por dia”.
Em um período em que a geração de empregos ainda não decolou em Campos desde a última crise econômica, a paralisação de serviços acaba provocando mais prejuízos. “Campos acaba sacrificando ainda mais a questão do emprego. Estamos vivendo um período chamado síndrome do desalento, pois as pessoas procuram trabalho, mas não encontram. A interrupção da cadeia produtiva como a que vivemos nas últimas semanas prejudica uma economia já combalida”, considera.
Abastecimento nas casas
Hortaliças, vegetais, frutas e até gás de cozinha… Quem procurou esses itens durante a greve dos caminhoneiros, ficou frustrado. Isso porque a distribuição desses produtos é comumente feita por intermédio dos caminhoneiros e, com esses profissionais em greve, os supermercados ficaram vazios.
O impacto foi sentido na despensa e geladeira da população, que precisou adaptar o cardápio e o modo de preparo das refeições diante da escassez.
A dona de casa Patrícia Mendes ficou quatro dias sem ter como cozinhar. O gás acabou no meio da greve e encontrar um botijão a preço justo foi uma missão quase impossível. “Soube que uma revendedora autorizada estava vendendo pelo preço normal; fui até lá dois dias seguidos, enfrentei fila e recebi a notícia de que havia acabado. Estou usando o microondas e minha filha, que trabalha fora, come na rua. Mas não dá para sustentar essa situação, não temos dinheiro para isso”, declarou.
A servidora pública Maria Elizeth Gomes sempre comprou verduras, legumes e frutas no supermercado, mas com a greve dos caminhoneiros, precisou rever seus costumes. A solução, para manter a alimentação saudável nesse período, foi recorrer à Feira da Roça, melhor alternativa diante do desabastecimento dos supermercados. “Me recuso a comprar os produtos a preços fora do normal e, na feira, consegui até um descontinho”, contou.
A crise dos combustíveis
Um dos efeitos mais caóticos da paralisação dos caminhoneiros, que refletiu em todo o país, foi a escassez de combustíveis nos postos de gasolina. Com as estradas bloqueadas e motoristas em protesto, as cargas não chegavam até o destino e o cenário consequente foi de filas quilométricas de carros e motos, bombas vazias e, quando cheias, comercializadas a preços abusivos. Em Campos, quatro postos de gasolina — no Centro, no Turf, na Avenida Arthur Bernardes e em Guarus — foram autuados pela Superintendência do Procon devido à cobrança de valor excessivo. Chegaram a pedir até R$ 5,45 pelo litro e ainda teve quem pagasse.
O impacto foi sentido na despensa e geladeira da população, que precisou adaptar o cardápio e o modo de preparo das refeições diante da escassez.
A dona de casa Patrícia Mendes ficou quatro dias sem ter como cozinhar. O gás acabou no meio da greve e encontrar um botijão a preço justo foi uma missão quase impossível. “Soube que uma revendedora autorizada estava vendendo pelo preço normal; fui até lá dois dias seguidos, enfrentei fila e recebi a notícia de que havia acabado. Estou usando o microondas e minha filha, que trabalha fora, come na rua. Mas não dá para sustentar essa situação, não temos dinheiro para isso”, declarou.
A servidora pública Maria Elizeth Gomes sempre comprou verduras, legumes e frutas no supermercado, mas com a greve dos caminhoneiros, precisou rever seus costumes. A solução, para manter a alimentação saudável nesse período, foi recorrer à Feira da Roça, melhor alternativa diante do desabastecimento dos supermercados. “Me recuso a comprar os produtos a preços fora do normal e, na feira, consegui até um descontinho”, contou.
A crise dos combustíveis
Um dos efeitos mais caóticos da paralisação dos caminhoneiros, que refletiu em todo o país, foi a escassez de combustíveis nos postos de gasolina. Com as estradas bloqueadas e motoristas em protesto, as cargas não chegavam até o destino e o cenário consequente foi de filas quilométricas de carros e motos, bombas vazias e, quando cheias, comercializadas a preços abusivos. Em Campos, quatro postos de gasolina — no Centro, no Turf, na Avenida Arthur Bernardes e em Guarus — foram autuados pela Superintendência do Procon devido à cobrança de valor excessivo. Chegaram a pedir até R$ 5,45 pelo litro e ainda teve quem pagasse.
Na terça-feira (29), com a redução do movimento de greve e escolta do Exército, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal (PRF), alguns postos da cidade começaram a ser reabastecidos, mas a demanda ainda era alta. Muitos motoristas e motociclistas aguardaram aproximadamente uma hora nas filas e, ao chegarem até a bomba, recebiam a notícia de que o combustível havia acabado.
Segundo o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Aurélio Amaral, deve demorar pelo menos uma semana para que a situação se normalize no país. Essa também é a previsão do Sindicato do Comércio A crise dos combustíveis Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência no Estado do Rio de Janeiro (Sindestado-RJ).
A assessoria de imprensa do órgão informou ainda que, na região de Campos, 50% dos postos de gasolina já teriam recebido a carga até quarta-feira (30), ainda que reduzida. Isso aconteceu devido à solicitação oficiada à Secretaria Estadual de Segurança Pública para escolta dos carregamentos e reforço no policiamento junto aos postos para reduzir riscos de tumultos. Somente na quinta-feira (31) as filas começaram a diminuir nos postos de Campos.
Reflexos na Educação
Até mesmo a educação — básica e superior — foi impactada pela greve nacional dos caminhoneiros. Algumas faculdades particulares, a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), o Instituto Federal Fluminense (IFF) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), paralisaram as atividades em decorrência da crise dos combustíveis que prejudicou o deslocamento de alunos, professores e demais colaboradores.
Nas instituições em que os serviços foram mantidos, os alunos decidiram, por conta própria, não comparecer às aulas na última semana. A previsão é que a situação seja normalizada nessa segunda-feira (4) caso não haja novas ocorrências. A rede municipal de ensino também precisou ajustar o calendário acadêmico. As atividades nas unidades ficaram suspensas por três dias, em reflexo à escassez no transporte público regular e escolar. Nos primeiros dias de greve, algumas escolas e creches, onde o abastecimento de água é feito por caminhão pipa, também ficaram sem aulas.
A Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte informou que as aulas devem ser retomadas nessa segunda-feira (4) segundo o secretário, Brand Arenari. Quanto à reposição das aulas perdidas, isso deve ocorrer em calendário especial. Nas escolas particulares os reflexos foram, em tese, mais amenos. Segundo a presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe Campos), Rosana Juncá, as consequências acarretadas pela greve — como desabastecimento de produtos e materiais indispensáveis à atividade educacional, dificuldade de mobilidade de pessoal, comprometimento da segurança pública, etc. — repercutiram de forma diferente em cada instituição de ensino, de acordo com a localização, porte e demais características individuais.
A presidente declarou que a maioria das escolas manteve suas atividades, apesar desses problemas, mas aquelas que optaram por suspender as aulas deverão promover posterior reposição das aulas.
As consequências na Saúde
Embora a informação divulgada na imprensa era de que a distribuição de equipamentos e insumos direcionados à Saúde não havia sido prejudicada pela greve dos caminhoneiros, na prática, a situação foi bem diferente. Em Campos, as unidades hospitalares tiveram de se adaptar à nova realidade e a consequência disso foi o cancelamento de cirurgias e consultas e, no que se refere aos atendimentos particulares, houve também prejuízo financeiro. É o caso do Grupo IMNE, que administra os hospitais Dr. Beda.
Segundo a diretora geral do grupo, Martha Henriques, os reflexos da greve dos caminhoneiros foram sentidos em diversos setores “Tivemos de suspender a alimentação e lanches dos funcionários e médicos; suspendemos as cirurgias eletivas que necessitam de transfusão sanguínea; precisamos otimizar a saída dos carros e ambulâncias; adaptamos o cardápio dos pacientes e acompanhantes com os insumos que conseguimos comprar; as escalas de trabalho foram refeitas”, lamentou Martha.
Quanto ao prejuízo, Martha afirma que muitos pacientes cancelaram os exames por falta de combustível, além das cirurgias, que precisaram ser desmarcadas. Somente na sexta-feira (1º) as cirurgias eletivas e demais atendimentos foram normalizados. Na saúde pública, a situação esteve sob controle, de acordo com a secretária Fabiana Catalani. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), foram priorizados os atendimentos de urgência e emergência e não houve registro de falta de medicamentos, visto que os estoques foram repostos antes da paralisa- ção.
“O maior problema foi garantir a chegada dos demais insumos, materiais, medicamentos e oxigênio, porque muitos caminhões continuavam retidos principalmente no município do Rio de Janeiro. A estratégia é garantir que o abastecimento seja realizado com o auxílio da Secretaria Estadual de Saúde”, ressaltou Catalani, que acrescenta: “A prioridade é garantir o atendimento de urgência e emergência a nossa população”.
O prejuízo para produtores rurais e Mercado Municipal
Os produtores de leite e gado de Campos e região foram os principais prejudicados em decorrência da greve dos caminheiros. Impossibilitados de distribuir os materiais produzidos, muitos tiveram prejuízos. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Campos, Ronaldo Bartholomeu dos Santos Júnior, a Cooperativa de Macuco, por exemplo, teve de produzir queijo e distribuir gratuitamente à população para evitar o desperdício.
Quanto aos produtores do setor de hortifrúti, esses ficaram restritos à distribuição local. O Mercado Municipal também ficou parcialmente desabastecido. Alguns produtos comercializados no local são provenientes de estados vizinhos, como o Espírito Santo, por exemplo, e, com a greve, não chegaram até aqui. A previsão da Companhia é de que nesta segunda-feira (4), o abastecimento nos boxes já tenha sido normalizado.
Mudança na rotina
Diante da falta de combustíveis que prejudicou o transporte individual e coletivo, não só em Campos, mas em todo o Brasil, muitas pessoas precisaram se adaptar para dar conta de cumprir os compromissos diários. É o caso do personal trainer Flávio de Abreu Manhães. Ele, que mora em Goitacazes, costumava se deslocar até academia onde trabalha com seu carro. Sob o risco de não ter como abastecer, Flávio trocou o automóvel pela bicicleta.
Por dois dias, Flávio pedalou 12 quilômetros até o trabalho e levou 40 minutos nesse trajeto. Acontece que, para ele, embora cansativa, a experiência foi positiva. “A verdade é que eu já tinha vontade de utilizar mais a bicicleta, mas não tinha coragem (risos). A falta de combustíveis me serviu de estímulo. Precisei acordar um pouco mais cedo e fiquei dolorido após o primeiro dia, porque não pedalava há tempos. Mas a sensação foi boa, eu gostei. Acho que irei manter esse hábito daqui para frente”, concluiu Flávio.
Terceira Via/Reportagem: Ulli Marques e Ocinei Trindade / Fotos: Silvana Rust e Valter Campanato
Segundo o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Aurélio Amaral, deve demorar pelo menos uma semana para que a situação se normalize no país. Essa também é a previsão do Sindicato do Comércio A crise dos combustíveis Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência no Estado do Rio de Janeiro (Sindestado-RJ).
A assessoria de imprensa do órgão informou ainda que, na região de Campos, 50% dos postos de gasolina já teriam recebido a carga até quarta-feira (30), ainda que reduzida. Isso aconteceu devido à solicitação oficiada à Secretaria Estadual de Segurança Pública para escolta dos carregamentos e reforço no policiamento junto aos postos para reduzir riscos de tumultos. Somente na quinta-feira (31) as filas começaram a diminuir nos postos de Campos.
Reflexos na Educação
Até mesmo a educação — básica e superior — foi impactada pela greve nacional dos caminhoneiros. Algumas faculdades particulares, a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), o Instituto Federal Fluminense (IFF) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), paralisaram as atividades em decorrência da crise dos combustíveis que prejudicou o deslocamento de alunos, professores e demais colaboradores.
Nas instituições em que os serviços foram mantidos, os alunos decidiram, por conta própria, não comparecer às aulas na última semana. A previsão é que a situação seja normalizada nessa segunda-feira (4) caso não haja novas ocorrências. A rede municipal de ensino também precisou ajustar o calendário acadêmico. As atividades nas unidades ficaram suspensas por três dias, em reflexo à escassez no transporte público regular e escolar. Nos primeiros dias de greve, algumas escolas e creches, onde o abastecimento de água é feito por caminhão pipa, também ficaram sem aulas.
A Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte informou que as aulas devem ser retomadas nessa segunda-feira (4) segundo o secretário, Brand Arenari. Quanto à reposição das aulas perdidas, isso deve ocorrer em calendário especial. Nas escolas particulares os reflexos foram, em tese, mais amenos. Segundo a presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe Campos), Rosana Juncá, as consequências acarretadas pela greve — como desabastecimento de produtos e materiais indispensáveis à atividade educacional, dificuldade de mobilidade de pessoal, comprometimento da segurança pública, etc. — repercutiram de forma diferente em cada instituição de ensino, de acordo com a localização, porte e demais características individuais.
A presidente declarou que a maioria das escolas manteve suas atividades, apesar desses problemas, mas aquelas que optaram por suspender as aulas deverão promover posterior reposição das aulas.
As consequências na Saúde
Embora a informação divulgada na imprensa era de que a distribuição de equipamentos e insumos direcionados à Saúde não havia sido prejudicada pela greve dos caminhoneiros, na prática, a situação foi bem diferente. Em Campos, as unidades hospitalares tiveram de se adaptar à nova realidade e a consequência disso foi o cancelamento de cirurgias e consultas e, no que se refere aos atendimentos particulares, houve também prejuízo financeiro. É o caso do Grupo IMNE, que administra os hospitais Dr. Beda.
Segundo a diretora geral do grupo, Martha Henriques, os reflexos da greve dos caminhoneiros foram sentidos em diversos setores “Tivemos de suspender a alimentação e lanches dos funcionários e médicos; suspendemos as cirurgias eletivas que necessitam de transfusão sanguínea; precisamos otimizar a saída dos carros e ambulâncias; adaptamos o cardápio dos pacientes e acompanhantes com os insumos que conseguimos comprar; as escalas de trabalho foram refeitas”, lamentou Martha.
Quanto ao prejuízo, Martha afirma que muitos pacientes cancelaram os exames por falta de combustível, além das cirurgias, que precisaram ser desmarcadas. Somente na sexta-feira (1º) as cirurgias eletivas e demais atendimentos foram normalizados. Na saúde pública, a situação esteve sob controle, de acordo com a secretária Fabiana Catalani. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), foram priorizados os atendimentos de urgência e emergência e não houve registro de falta de medicamentos, visto que os estoques foram repostos antes da paralisa- ção.
“O maior problema foi garantir a chegada dos demais insumos, materiais, medicamentos e oxigênio, porque muitos caminhões continuavam retidos principalmente no município do Rio de Janeiro. A estratégia é garantir que o abastecimento seja realizado com o auxílio da Secretaria Estadual de Saúde”, ressaltou Catalani, que acrescenta: “A prioridade é garantir o atendimento de urgência e emergência a nossa população”.
O prejuízo para produtores rurais e Mercado Municipal
Os produtores de leite e gado de Campos e região foram os principais prejudicados em decorrência da greve dos caminheiros. Impossibilitados de distribuir os materiais produzidos, muitos tiveram prejuízos. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Campos, Ronaldo Bartholomeu dos Santos Júnior, a Cooperativa de Macuco, por exemplo, teve de produzir queijo e distribuir gratuitamente à população para evitar o desperdício.
Quanto aos produtores do setor de hortifrúti, esses ficaram restritos à distribuição local. O Mercado Municipal também ficou parcialmente desabastecido. Alguns produtos comercializados no local são provenientes de estados vizinhos, como o Espírito Santo, por exemplo, e, com a greve, não chegaram até aqui. A previsão da Companhia é de que nesta segunda-feira (4), o abastecimento nos boxes já tenha sido normalizado.
Mudança na rotina
Diante da falta de combustíveis que prejudicou o transporte individual e coletivo, não só em Campos, mas em todo o Brasil, muitas pessoas precisaram se adaptar para dar conta de cumprir os compromissos diários. É o caso do personal trainer Flávio de Abreu Manhães. Ele, que mora em Goitacazes, costumava se deslocar até academia onde trabalha com seu carro. Sob o risco de não ter como abastecer, Flávio trocou o automóvel pela bicicleta.
Por dois dias, Flávio pedalou 12 quilômetros até o trabalho e levou 40 minutos nesse trajeto. Acontece que, para ele, embora cansativa, a experiência foi positiva. “A verdade é que eu já tinha vontade de utilizar mais a bicicleta, mas não tinha coragem (risos). A falta de combustíveis me serviu de estímulo. Precisei acordar um pouco mais cedo e fiquei dolorido após o primeiro dia, porque não pedalava há tempos. Mas a sensação foi boa, eu gostei. Acho que irei manter esse hábito daqui para frente”, concluiu Flávio.
Terceira Via/Reportagem: Ulli Marques e Ocinei Trindade / Fotos: Silvana Rust e Valter Campanato