Tendência é que economia da margem esquerda do Paraíba ganhe status e fique mais forteCAMPOS POR GIRLANE RODRIGUES
*Aloysio Balbi
O outro lado da cidade, Guarus, sempre foi economicamente forte, partindo do fato que já sediou uma das maiores usinas de Camposa extinta São João- abriga um dos maiores frigoríficos do estado em capacidade instalada, o aeroporto de Campos, um Distrito Industrial, e órgãos de pesquisa e educação como a Pesagro e um IFF. Agora, prepara-se para subir mais alguns degraus: no dia 15 de Março será lançada a pedra fundamental do Shopping de Guarus.O empreendimento, que será composto de 41 lojas, além de praça de alimentação, cinema, supermercado e estacionamento, já tem lojas âncoras confirmadas como Lojas Americanas, estando outras praticamente acertadas. Trata-se de um empreendimento isolado do empresário Joilson Barcelos, não tendo correlação com o grupo do qual é sócio. Segundo ele, esse investimento foi precedido de uma criteriosa pesquisa econômica, radiografando o que poderíamos chamar de Produto Interno Bruto (PIB) de Guarus.Considerada economicamente uma área secundária em comparação à margem direita do Rio Paraíba do Sul, Guarus, tem hoje uma renda percapta em algumas áreas bem acima do que se poderia prever. Quando se trata de renda familiar, ela supera a marca dos R$ 5 mil em bairros como o Jardim Carioca. Com esse novo empreendimento comercial, a expectativa é de que o perfil da economia de Guarus sofra novas mudanças.
O local escolhido, a Avenida José Carlos Pereira Pinto, o maior corredor comercial de Guarus, tende a se valorizar ainda mais. O comércio convencional sempre cresce no entorno dos shoppings. Então, o que se espera, é um boom de investimentos paralelos. E exatamente nesta via, onde está localizado o segundo maior hospital público de Campos, o HGG, que cresce também os loteamentos e até condomínios de luxo como o Alice, cujo preço dos terrenos supera o de muitos condomínios do Centro da cidade.A estima de Guarus está em alta. Existe a perspectiva de aumento na geração de postos de trabalho. A ideia do empresário é usar obviamente a mão-de-obra do bairro que, depois de um processo seletivo, receberá treinamento diferenciado. Muitos empresários de ramos diversos já mostraram interesse em participar do empreendimento com compra de lojas.– Nossa pesquisa mostrou que muitos consumidores saem de Guarus para comprar na Pelinca. As coisas estão mudando. Nos dias de hoje o consumidor quer conforto e comprar perto de onde mora. Isso acontece no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e nas demais grandes cidades do país. É preciso acabar com essa história de que Guarus é periferia. Acreditamos no potencial desta área. Se ela define eleições pode influir na economia- disse Joilson Barcelos.
Progresso
Para o bom funcionamento do centro comercial, o empreendimento exige investimentos também na infraestrutura do entorno do shopping, como no trânsito, por exemplo. Rodrigo Lira explica que o poder público já atua promovendo estudos de impacto de vizinhança, entre outros. “O poder público também deve fazer a verificação do projeto para saber se ele atende às legislações urbanísticas e colaborar também, por exemplo, por meio da Superintendência de Trabalho e Renda, encaminhando profissionais capacitadas para o preenchimento das vagas de emprego que surgirão”, disse.
O Planejamento de segurança pública no entorno do shopping é de responsabilidade do governo do estado do Rio de Janeiro, agora sob intervenção federal. Para Lira, o ideal é que esse projeto seja elaborado de forma preventiva, integrada, “privilegiando a inteligência e não encarada de forma, meramente, circunstancial, conforme as demandas”.
O economista Alexandre Delvaux defende, além do crescimento comercial, um avanço na área industrial com exportação de produtos para outras cidades e estados para que Campos gere riqueza e a economia possa expandir e não apenas mudar de lugar. “Se esse desenvolvimento maior não acontecer, o cenário econômico não mudará muito, apenas saberemos que alguém vai perder para outros ganharem. É certo que Guarus tem um grande potencia de mercado e é uma alternativa. Vai gerar oportunidades de emprego e criar renda nova”, avaliou.
Mudança no aspecto de Guarus
A instalação de um centro comercial do porte que está sendo desenhado deve provocar uma mudança nos hábitos da comunidade e no ponto de vista geográfico. Para o doutor em política e professor em planejamento regional, Rodrigo Lira, a dinâmica da localidade tende a se modificar com a possibilidade do adensamento populacional, aumento do tráfego, entre outros. Na visão de Lira, a especulação imobiliária e o aumento do tráfego também serão outros fatores que vão contribui para a mudança do aspecto local.
“No geral, as pessoas vêem com bons olhos a vinda de algum grande empreendimento em função da perspectiva de geração de emprego e renda na localidade. No entanto, deve-se atentar também para os impactos sociais e urbanos que podem gerar ou agravar problemas como questões ligadas à violência, mobilidade, saneamento, entre outros”, pontuou.
Um aspecto positivo que o centro comercial pode levar à comunidade é a geração de empregos é a descentralização das vagas de trabalho fora dos eixos comerciais já existentes na cidade. “É interessante para a sociedade que empreendimentos dessa natureza se instalem em locais mais afastados do centro comercial tradicional porque possibilita também a desconcentração das vagas de emprego na cidade”.
Importância da avenida
A avenida José Carlos Pereira Pinto se tornou o maior corredor comercial de Guarus desde que passou a ter ligação com a Rodovia BR-101. A pista começa no entroncamento com a avenida Francisco Lamego (Beira-Rio), no parque Vicente Dias e passa por bairros populosos, como o Rio Branco e Presidente Vargas.
A avenida abriga também o segundo maior hospital público de Campos, o Hospital Geral de Guarus (HGG) e ajudou a descongestionar o trânsito da BR-101, entre a ponte General Dutra, no Caju até a passarela do Parque Novo Mundo. A via também é um dos principais acessos à 146ª Delegacia de Guarus.