MATHEUS BERRIEL
Campos dos Goytacazes perdeu 31 posições no ranking das séries iniciais do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre as escolas municipais do Rio de Janeiro. As notas de 2017 foram divulgadas nesta segunda-feira pelo Ministério da Educação (MEC). Antepenúltimo colocado entre 92 municípios em 2013 e 48º em 2015, o município voltou a regredir, ficando em 79º com as notas mais recentes das turmas de 5º ano do ensino fundamental. A média do município foi de 4,6, exatamente igual à meta projetada pelo MEC para 2017. Porém, houve redução de 0,4 em relação à nota anterior. Nas séries finais, com base nas turmas de 9º ano, também houve queda. Campos ficou em 76º, com 3,5. A nota de 2015 havia sido 3,6, valendo o 65º lugar. O secretário de Educação, Brand Arenari, afirmou que o resultado é reflexo da ruptura realizada pela atual gestão com a política de aprovação automática, que vinha sendo aplicada nos últimos anos em Campos.
Dentre os municípios das regiões Norte e Noroeste Fluminense, Campos aparece na última colocação nos anos iniciais, empatado com Cardoso Moreira e São Francisco de Itabapoana. Já nos anos finais, o município está empatado com SFI na penúltima colocação, perdendo apenas para Natividade.
Entre as séries iniciais, o destaque positivo em Campos ficou para a Escola Municipal Leandro de Souza Gomes, situada na localidade de Ibitioca. A nota 7,0 foi superior à meta planejada não apenas para 2017, como também para as de 2019 e 2021. A pior nota foi a da Escola Municipal Lions I, do Parque Santa Rosa, com apenas 3,2, muito abaixo dos 5,1 tirados em 2015. Em contrapartida, veio de Guarus a maior nota campista nas séries finais. A Escola Municipal Professora Olga Linhares Corrêa, do Calabouço, ficou com 4,4, ultrapassando bastante os 3,7 planejados. Já a pior foi a Escola Municipal Professora Wilmar Cava Barros, do Jóquei Clube, com a nota de 2,6, inferior à de 3,7 tirada anteriormente. A meta atual para ela era de 5,3, mais que o dobro.
Na opinião da diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) em Campos, Odisséia Carvalho, a educação da rede pública municipal não é melhor em virtude de um problema estrutural. “O que a gente vê nas nossas unidades escolares é uma estrutura ainda precária de atendimento não só para os nossos alunos, como também para os profissionais. Se hoje ainda existe uma qualidade de ensino nas nossas escolas, não é fruto de uma política educacional da Prefeitura, mas, muito mais do esforço coletivo dos profissionais”, afirmou.
Contando os índices das escolas das redes municipal, estadual e federal, Campos ganhou uma posição em relação a 2015 nas séries finais, ficando em 84º lugar, mas com a mesma nota de 3,5. Já nas series iniciais, despencou de 48º para 79º, com redução da nota de 5,0 para 4,6.
Secretário fala em novo sistema adotado
De acordo com o secretário de Educação de Campos, Brand Arenari, o resultado é reflexo da ruptura realizada pela atual gestão com a política de aprovação automática, que vinha sendo aplicada nos últimos anos em Campos, que fazia com que o aluno da rede municipal terminasse o ensino fundamental sem domínio da leitura e escrita e nem de operações básicas de matemática. “A partir do novo sistema adotado, o aluno só irá para a próxima fase se estiver realmente preparado. Um conjunto de estratégias vem sendo implementado e será intensificado a partir do próximo ano”, disse em nota.
A nota ressaltou ainda que o Ideb é calculado a partir de duas bases: o resultado do Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb), anteriormente conhecido como Prova Brasil, e o Índice de Aprovação do Município. “Campos manteve a média do Saeb de 2015, tendo melhora em Português. Entretanto, com o fim da política de aprovação automática o índice deste quesito foi reduzido, o que fez com que a nota do Ideb caísse. É importante destacar que esta avaliação não reflete a política educacional aplicada pela atual gestão, pois foi realizada com menos de um ano de administração. Vale lembrar que os critérios do Saeb foram alterados para 2017 e quase dobrou o número alunos testados. Em 2015, alunos de 31 escolas da rede municipal fizeram a prova. Já em 2017, o número de unidades de ensino saltou para 82, uma alteração que quase dobrou o número de estudantes avaliados”, complementou a nota.
Rede estadual com 3,6 pontos e federal 5,9
Na rede estadual de ensino, o município de Campos está na 56ª posição dentre os municípios do estado com 3,6 pontos nas turmas do 3º ano do Ensino Médio. A escola melhor avaliada foi o Colégio Estadual Doutor José Pereira Pinto, que fica no Centro e obteve a nota 4,4. Já a pior nota foi 2,5 do Colégio Estadual Notival Pedro Moll, em Rio Preto.
Unidades de ensino tradicionais como o Liceu de Humanidades e Isepam não obtiveram nota, pois o número de participantes no Saeb foram considerados insuficientes para que os resultados sejam divulgados.
Já na rede federal, Campos demonstrou bom desempenho com a nota 5,9 nas do 3º ano do Ensino Médio, alcançando a 6ª posição dentre os municípios do estado que foram avaliados. O campus Guarus do Instituto Federal Fluminense obteve nota 4,7, enquanto o campus Centro não teve o resultado divulgado.
São Jose de Ubá e Itaperuna são destaques
Entre os municípios das regiões Norte e Noroeste Fluminense, as melhores médias das escolas da rede municipal foram de São José de Ubá nos anos iniciais, com a nota 6,5, e Itaperuna, com 5,3 nas séries finais, a maior entre todos os municípios fluminenses.
O município de São João da Barra cumpriu a meta do Ideb estabelecida para 2017 apenas nos anos iniciais do ensino fundamental, etapa que vai do 1º ao 5º ano. A nota foi de 5,3 (em uma escala que vai de 0 a 10), quando a meta estipulada era de 5,0.
Nos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, a meta foi descumprida. O Ideb alcançado foi de 4,1, enquanto o esperado era de 4,9.
A unidade de destaque nos anos iniciais foi a Escola Municipal José Alves Barreto, com 7,4. Já o Ciep Municipalizado Professora Gladys Teixeira obteve o pior desempenho, com 4.
No segundo segmento, as escolas Luiz Gomes da Silva Neto e João Flávio Batista empataram na primeira posição com 5. A pior nota foi a do Chrisanto Henrique de Souza, com 3,7.
No geral, o Brasil segue melhorando seu desempenho nos anos iniciais do ensino fundamental. O índice alcançado foi de 5,8, superando em 0,3 a meta proposta. Apenas os estados do Amapá, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul não alcançaram suas metas. Já nos anos finais, foi obtido o índice nacional de 4,7, abaixo da meta. Das 27 unidades da Federação, 23 aumentaram o Ideb, todavia, apenas sete alcançaram a meta proposta. O Rio esteve entre os estados que não alcançou. Pela primeira vez, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) passou a calcular também o Ideb para as escolas de ensino médio. Campos tirou 3,8 na nota geral, unindo turmas do terceiro ano de escolas estaduais e federais. As municipais não participaram.
O Ideb é uma iniciativa do Inep para mensurar o desempenho do sistema educacional brasileiro a partir da combinação entre a proficiência obtida pelos estudantes em avaliações externas de larga escala (Saeb) e a taxa de aprovação, indicador que tem influência na eficiência do fluxo escolar, ou seja, na progressão dos estudantes entre etapas/anos na educação básica.
Fmanhã